Turnê Renaissance reforça o afrofuturismo na carreira brilhante de Beyoncé
Toda a estética do show, looks, cenários e músicas evidenciam o movimento afrofuturista e isso é incrível
Em 2020, Beyoncé lançou um álbum visual na plataforma de streaming Disney+, chamado “Black Is King”. Um álbum cheio de ancestralidade e conceitos do afrofuturismo que só ressalta o quanto a artista faz questão de representar o que acredita nas suas produções. E muito dessa estética que ela vem trazendo de uns anos para cá tem impactado visualmente os novos trabalhos de sua carreira – o álbum Renaissance é a prova disso. A nova turnê inteira dela é a prova disso. Com o seu próprio universo, Beyoncé classifica essa nova era como “singularidade sônica” e de uma “liberdade futura”. No palco, ela renasce.
Afrofuturismo, para quem ainda não está muito familiarizado com o conceito, é a ideia de um futuro tecnológico a partir da perspectiva da cultura negra. O movimento surgiu na década de 1950, pautado pelo filósofo cósmico, músico e poeta Sun Ra. Ele, junto de sua banda, criou vários instrumentos musicais que pudessem fazer barulhos e ruídos que imitassem ou chegassem mais perto do que ele achava ser “os sons do futuro”. Sua missão era salvar o povo preto do racismo praticado na Terra e levá-los para outro planeta.
Beyoncé faz 3h de performance com looks icônicos da estética disco-futurista do álbum adaptados para um show de estádio. E, nesses looks, a tecnologia inesperada pega o público de surpresa quando seu casaco muda de cor ao ser exposto à luz UV.
Durante as apresentações, é importante se atentar aos detalhes das coreografias, dos interludes e principalmente dos construções robóticas e tecnológicas durante o show. No movimento, muito se fala sobre os “sons do futuro” que Sun Ra produzia e em muitos momentos do show, sons cósmicos e robóticos são introduzidos. Deixando ainda mais claro o quanto o Afrofuturismo e a Renaissance World Tour, são como um só corpo.
Penso muito sobre como Beyoncé não precisa afirmar o conceito do movimento na sua carreira e/ou vida quando ela já é uma mulher negra, no topo do mundo, com trabalhos que evidenciam a ancestralidade negra e como o futuro pode ser na sua visão. Sinto que ela coloca em prática nos seus trabalhos tudo que Sun Ra, o pai do afrofuturismo, pensa sobre o real significado do movimento. Ela é revolucionária, a sua existência é revolucionária, e quanto mais rápido nos tocarmos que ela é o próprio movimento vivo, perceberemos como o afrofuturismo faz sentido e é real.
E você? Já está ansiose para a possível chegada da tour aqui no Brasil?