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Conheça marca de roupas de crochê que está conquistando as famosas

A artista Karine Santana conta como se reconectou com suas ancestralidade por meio dessa técnica manual

Por Sofia Duarte 21 jan 2022, 16h00

Não é novidade que o crochê é uma das tendências mais fortes deste verão, né? Mas sabia que, por trás desse trabalho manual, existe alguém se dedicando por dias para fazer uma peça que exige uma técnica bastante complexa?

Karine Santana é uma artista que criou a sua própria marca de roupas de crochê, a DaKARINE, em 2019, e está se destacando com suas criações coloridas e cheias de personalidade, que já foram usadas por famosas como Camila Queiroz e Manu Gavassi. Em entrevista à CAPRICHO, ela conta que sua trajetória até se descobrir como artista foi longa e repleta de autoconhecimento.

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“Eu sempre fui artista, só que nasci em uma família que não tinha muitos recursos. Então, era desafiador para mim saber que, como uma mulher afro-indígena, eu poderia ser artista e poderia viver da minha arte“, lembra Karine. “Ao longo da minha adolescência até os meus 23 anos, a partir de um processo de autoconhecimento, de busca da minha espiritualidade e de análise com uma psicoterapeuta, consegui entender que eu era artista, porque não conseguia me encaixar em outras profissões. […] Eu me sentia perdida, quando, na verdade, eu já tinha um caminho, só que era um caminho que nem sempre a sociedade incentiva.”

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“Foi então que entendi que eu sou artista, que eu tenho uma missão de me expressar e que eu posso colocar na minha arte a minha essência, posso colocar na minha arte coisas que eu sinto que me curam, coisas que eu sinto que trazem paz, amor, alegria, harmonia, qualquer sensação, e entender que, a partir da minha arte, aquilo ali se transfere para o mundo.”

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Karine costumava fazer suas roupas e, com as pessoas perguntando se ela estavam à venda, decidiu criar o Instagram DaKARINE em 2017. Na época, pintava jaquetas jeans à mão com os signos do zodíaco. E foi só mais tarde, dois anos depois, que se reconectou com a arte do crochê, com a qual ela tem contato desde pequena, por conta de suas tias que faziam esse tipo de técnica artesanal. “Desde uns sete anos eu sabia fazer o ponto básico de crochê e sempre achei muito interessante vê-las fazendo, porque eu gosto de construir coisas com as mãos. Achava incrível pegar uma linha e fazer uma roupa, uma cortina, qualquer coisa.”

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“Em 2019, me despertou o desejo de voltar a fazer crochê e, aí, eu me reconectei com essa arte, que é uma arte ancestral, e senti também que era um processo de cura com essa minha ancestralidade, com essas mulheres que tecem e que já foram muito desvalorizadas. Então, para mim, o crochê também é uma questão ativista, porque, por eu ser uma mulher preta e ter vindo de uma origem pobre, eu também estou fazendo um ativismo dentro desse meio“, completa.

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O carro-chefe da Karine são as peças que ela denominou de 5D. “Esse tipo de crochê geralmente é chamado de 3D, só que eu juntei isso com as minhas questões espirituais. 5D é uma dimensão, e a gente está em evolução aqui no mundo para chegar nela. E, neste momento em que estamos na Terra, o nosso coração é o portal para que a gente acesse essa dimensão. Porque a dimensão não é um lugar, é um estado de vibração“, explica. “E eu senti que, a partir dessas peças, eu poderia levar essa informação. Mesmo que as pessoas não saibam, a energia que eu coloquei ali vai chegar nelas.”

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“Sempre fui apaixonada por moda e, com a maturidade que eu tenho hoje e com todos esses trabalhos espirituais e de autoconhecimento que já fiz, estou entendendo que posso conectar tudo isso e conectar as minhas vivências e tudo o que já aprendi em uma peça de roupa.”

Karine também se uniu à designer La Pomponera, que a convidou para uma colaboração incrível de roupas cheias de símbolos divertidos. A parceria acabou saltando aos olhos de várias fashionistas e já foi usada por celebridades como Camila Queiroz, Manu Gavassi e Mariana Goldfarb. Agora, o sonho de Karine, que diz ser ambiciosa, é ver ninguém mais, ninguém menos do que Beyoncé desfilando suas criações por aí. Imagina que incrível? “Adoro a postura dela e o que ela representa. Esse é meu grande objetivo.”

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As peças de crochê da DaKARINE são feitas sob medida e por encomenda, o que possibilita um processo sustentável e de slow fashion nos bastidores da etiqueta, e um top básico pode sair por R$ 350, enquanto um vestido elaborado que demora 15 dias para ficar pronto custa R$ 5 mil.

“É muito importante essa troca com o público, porque a gente veio de uma história capitalista, em que os processos foram se tornando cada vez mais impessoais, envolvendo grandes fábricas, e a gente às vezes nem sabe de onde vêm as roupas, quais foram os processos, quem teve a ideia… É uma coisa muito distante, e trabalhar com peças por encomenda e sob medida te aproxima das pessoas e, de certa forma, você as reeduca para que elas entendam que as coisas não acontecem em um passe de mágica. Aquela roupa vai demandar um processo e um tempo. Então, ela não vai ser descartável, é uma peça que vai ter um valor para você, que você passa de geração em geração e carrega uma história“, afirma Karine.

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Você se identificou com a história da Karine e pretende criar uma marca própria para espalhar sua arte por aí? O conselho dela é que você aposte nas suas ideias, mesmo se estiver com medo, e, falando em medidas mais práticas, procure um suporte jurídico para expandir seu negócio. “Se tiver dando muito medo, é porque ali vai vir uma joia incrível. Então, se joga e vai com medo mesmo! A gente sempre vai ter medo do julgamento, então se deixe ser julgada, porque nunca vamos agradar todo mundo. E faça a coisa mais louca que vier na sua mente, a ideia mais louca é a ideia que tem mais a ver com você. O importante é fazer do jeito que você conseguir fazer. Depois que tiver feito, você pensa em aperfeiçoar e aparar as pontas. Solte a sua criatividade e faça o que vier. É muito importante ser a sua ideia, ser você, porque a sua marca é você.”

E uma outra dica é se preservar juridicamente. Quanto mais autoral forem as suas peças, busque logo uma advogado e alguém que possa te ajudar nesse caminho. A internet é muito boa, propicia que a gente tenha visibilidade, mas, ao mesmo tempo, é sempre bom você estar protegida e amparada”, aconselha.

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