Aos 21 anos, Amanda Mangili conquistou mais de 100 mil pessoas nas redes sociais, apesar dos desafios causados pela paralisia cerebral. A jovem, da cidade de Dois Córregos (SP), ama o universo da moda e da beleza e sonha em trabalhar como influenciadora digital. A CAPRICHO conversou com sua mãe, Janaína Mangili, que fala sobre a determinação da menina mesmo diante do preconceito.
Quando nasceu, Amanda ficou alguns dias internada na UTI devido a uma alta taxa de icterícia, que acontece quando o sangue apresenta excesso de bilirrubina, substância de pigmento amarelado produzida após a destruição de glóbulos vermelhos. Diante desse quadro, caso ele não seja tratado de forma adequada, pode acontecer uma complicação chamada kernicterus, responsável por provocar lesões no cérebro. Foi o que ocorreu com Amanda. Na época, os médicos não fizeram alertas a respeito de possíveis consequências do problema, e a família só foi descobrir a paralisia aos sete meses de vida dela.
“Começamos a correr com fisioterapia, fonoaudiologia, hidroterapia… E ela sempre foi muito forte, nunca chorava e sempre aceitou tranquila. Ia sorrindo. Os médicos falavam que ela não iria andar e que talvez ficasse em estado vegetativo, mas, aos quatro anos, ela andou. Caía direto, batia a cabeça, dava ponto, mas continuava a andar. Aí, eu comecei a ensiná-la a sair da fralda”, lembra Janaína.
Amanda aprendeu libras e, na escola, foi alfabetizada e conheceu o computador. “Ela viu que tinha um meio de ela se comunicar com as pessoas e foi aí que pegou amor pelos eletrônicos. Ela é apaixonada! Conversa comigo e fala tudo o que ela quer através da escrita [no celular e computador].”
A relação com a internet começou ainda cedo, aos 14 anos, e desde lá Amanda admira muito a influenciadora digital Taciele Alcolea. Mas a própria Janaína foi maquiadora por muito tempo, o que provavelmente também a inspirou a entrar no universo da beleza.
Enquanto a mãe está por trás das câmeras gravando os vídeos e ajudando no dia a dia, quem tem as ideias, separa os looks e faz as edições é a Amanda. “Ela que cria, inventa, vai no armário, pega as roupas, põe em cima da cama… Ela muito é disciplinada, não gosta de fazer nada para amanhã, quer entregar mais do que combinou. Edita e mexe em tudo, tem os aplicativos e os filtros que ela gosta.”
A pergunta que Amanda mais faz é: “Vou conseguir mais trabalho? Quero juntar meu dinheiro para comprar um computador.” Apesar de incentivá-la, Janaína conta que não é tão simples assim. “O caminho da inclusão não é fácil. A aceitação é muito difícil. A inclusão é bonita na internet, nas propagandas… Mas, na hora do ‘vamos ver’, é complicado. As lojas escolhem pagar uma outra menina, não ela. Não é fácil, nunca foi fácil. Se eu falar que tudo é maravilhoso, é mentira.“
Já autoestima não é um campo nada desagradável para a Amanda, viu? “A Amanda se acha linda, ela não vê defeitos nela mesma“, conta Janaína. “Ela não tem complexo com a autoestima, nunca teve. Só uma época um pouco com o andar dela, não sei se era vergonha, que ela falava bastante. Mas eu sempre disse que era normal.”
“Os seguidores deixam muitos recados no Instagram, falando ‘Amanda, depois que eu te vi, eu passei a dar valor a minha vida’. Ela incentiva muitas meninas com o jeito dela. Ela conquistou todo mundo sem dizer uma palavra, só com o jeito, com os gestos, com a vontade dela, sentando e mostrando a maquiagem, fazendo os vídeos… E ela é superfeliz! Nada a impede, sabe?“
O sonho da Amanda é conseguir sua independência financeira por meio do seu trabalho na internet, inclusive com seu canal do YouTube, e uma das pessoas com deficiência que a inspira a seguir nessa jornada é a modelo Maju de Araújo, que possui Síndrome de Down e é embaixadora de uma marca de beleza internacional. “A Amanda se inspira muito na história dela. Existem oportunidades, mas ainda faltam muitas. O nosso sonho é que ela consiga reconhecimento e que acreditem nela“, afirma Janaína.
Desejamos muito sucesso para você, Amanda! <3