síndrome do impostor foi o grande tema da coleção ‘Impersona‘ apresentada pela marca Shitsurei, da diretora criativa Marcella Maiumi, na Casa de Criadores 54 nesta terça-feira (30). A estilista coloca na passarela esse sentimento de insuficiência que leva à autossabotagem, muito representado pelas máscaras, que são moldes do próprio rosto dela feitos em tecido usando resina, e o medo de caírem, revelando o seu verdadeiro eu.
“Apesar de saber que a síndrome do impostor é algo que passa por uma configuração capitalista e patriarcal, às vezes me pega, me bota no chão, e eu acabo acreditando, assim como muita gente também”, declara Marcella em entrevista à CAPRICHO.
Diante de uma trilha sonora de terror, que traz a ansiedade e o medo da decepção à tona, o desfile começa com uma apresentação de balé, que também está presente de forma imagética nos looks. A ideia foi apresentar um símbolo de busca pela alta performance acima de tudo, inclusive das saúdes física e mental, mascarando a dor no contexto da busca por validação. Na passarela, os esparadrapos e band-aids colocados nas mãos e pés dos modelos também cumprem esse papel.
Marcella afirma que, quando se trata de síndrome de impostor, em especial nos casos de indivíduos marginalizados pela sociedade tradicional, é fundamental entender que existe um sistema por trás. “Quando vai te pegar, vai te pegar, mas entenda que é algo exterior, que faz parte de um mecanismo horroroso com mulheres, com pessoas racializadas e com membros da comunidade LGBTQIAPN+ principalmente. Porque a gente sente muito mais essa necessidade de performar perfeição, a gente se sente inadequado o tempo todo. E acho que dá para fazer da inadequação uma boa limonada“, conclui.
@capricho A estilista Marcella Maiumi, da Shitsurei, explica a coleção baseada no conceito da síndrome de impostora que apresentou na #CasadeCriadores 54 💫 #desfile #estilista #semanademoda