Bia Ferreira, 30, é boxeadora da categoria 60kg, uma das nossas atletas em modalidade feminina e grande colecionadora de títulos mundiais. E podemos provar: ela participou do projeto “Vivência Olímpica” durante as olimpíadas no Brasil, foi campeã nos Jogos Sul-americanos de Cochabamba em 2018, campeã nos Jogos Pan-americanos de Lima em 2019 e também conquistou o título mundial na Rússia no mesmo ano.
Apesar de começar a dar aula aos 15 anos, foi aos 23 que Beatriz ingressou oficialmente no esporte e decidiu, sim, que seu futuro seria como atleta. ” [Eu] Já tinha alunos meus que já tinham lutado e eu nunca tinha pensado nisso [seguir carreira como atleta]. E aí eu me desafiei. Eu falei, por que não? Todo mundo fala que eu faço bem isso aqui. Então, eu vou acreditar.”
E assim foi. Ela conquistou lugares que jamais imaginou e, durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, a boxeadora se destacou ao se tornar a primeira brasileira a chegar a uma final olímpica em sua modalidade e hoje é uma das atletas da modalidade patrocinada por marcas como a Nike, por exemplo. Um verdadeiro sucesso, né?
Ah, e uma curiosidade: você deve estar pensando, “poxa, mas como a Bia começou tão cedo em um esporte considerado tão masculino?. Pois vem, o esporte faz parte de vida dela desde pequena. Isso porque ela é filha do boxeador bicampeão brasileiro Raimundo Oliveira Ferreira, popularmente conhecido como “Sergipe” e ele também foi seu primeiro treinador.
Eu falei, por que não? Todo mundo fala que eu faço bem isso aqui. Então, eu vou acreditar
Bia Ferreira
Em entrevista à CAPRICHO, a soteropolitana falou um pouco sobre sua trajetória e como é importante o apoio mútuo entre meninas e mulheres que querem ingressar no universo do esporte.
“É muito bom ter esse reconhecimento, me anima mais a conseguir mais coisas e mais títulos. Ser uma referência é um papel de muita responsabilidade, né? Só quem é atleta, só quem tá vivendo aquilo ali sabe o quão é forte; é o quanto é forte aquilo ali. Quanto mais crescimento do esporte feminino, mais tem todo o meu apoio”, complementa.
Bia ferreira + futebol feminino?
Sim, são categorias diferentes: futebol e boxe definitivamente não combinam. Mas os dois sempre estiveram presentes na vida de Bia, viu? “Na minha infância, eu sempre gostava de bater uma bolinha na rua, no campo. Lá em Salvador não tem tempo ruim e lá tem bastante campo de areia, né? Então, assim, vira e mexe é brincadeira da gente era bater uma bolinha.”
Tanto que, hoje, ela é uma das embaixadoras da campanha #JogaParaSempre, que promove a ideia de um longo futuro para as mulheres e meninas no futebol feminino – um espaço que já foi considerado inapropriado para elas e, ainda hoje, recebe menos investimento do que a modalidade masculina pelos próprios clubes e patrocinadores.
Para Bia, fazer de algo que estimule essa vivência e promova a ideia de que é preciso investir nesse futuro, é fundamental. “Só quem é atleta, só quem está vivendo aquilo ali sabe o quão é forte”, pontua.
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CAPRICHO: Hoje você é bi-campeã e é inspiração para muitas jovens! Mas o começo pode ser bem desafiador, né? O que você diria para a galera que está começando?
Eu fico muito feliz de tá [sic] contribuindo com a história do boxe, eu acredito que é alguma coisa eu consegui adiantar ou facilitar para elas [futuras atletas]. É muito difícil você ter que trabalhar pra se manter no esporte, né? Ou você trabalhar pra incentivar seu patrocinador no esporte. Então o começo da galera é bem difícil mesmo, mas vale a pena. Então é não desista, acredite no seu potencial e saiba que: o começo não vai ser o começo pra sempre. Depois do começo vai vim a recompensa daquilo ali!
Como que você enxerga a Bia mais nova vendo Bia de hoje?
Se pudesse voltar no tempo eu falaria pra Bia: você é foda! Porque valeu muito a pena tudo que eu tive que abrir mão e todas as dúvidas que eu tive… valeu muito a pena. Eu acho que se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo… ou capricharia mais pra poder usufruir isso mais. Então tenho muito orgulho é de eu não ter desistido, porque tive vários momentos que era, que talvez, eu desistiria. E chegar onde eu cheguei e ter esses títulos que eu tive.
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Conta pra gente, quando foi que você percebeu que queria mesmo ser atleta?
Eu tinha me formado recentemente, então ou eu tinha que começar a trabalhar ou tinha que entrar na faculdade. E aí eu falei: ‘pô, o que que eu gosto de fazer? O que que eu ia ser feliz fazendo?’ E eu já dava aula de boxe, comecei a dar aula com quinze anos. Já tinha alunos meus que já tinham lutado e eu nunca tinha me passado por aquilo. E aí eu me desafiei. Eu falei, por que não? Todo mundo fala que eu faço bem isso aqui. Então eu vou acreditar. E aí foi quando eu resolvi. Foi até um pouquinho tarde, com 23 anos que eu decidi ser um atleta de alto rendimento. Já sabia que “estava tarde”, mas eu falei, ‘vou aproveitar todas as oportunidades que vier’ e eu tô aproveitando todas as oportunidades que tão aparecendo. Tá sendo bem. Eu tardei, mas não falhei!
Você é embaixadora Nike para a copa do mundo feminina. Como é vestir esse uniforme para uma campanha tão especial?
Bia Ferreira: É muito bom ter esse reconhecimento, me anima mais a conseguir mais coisas e mais títulos. Ser uma referência é um papel de muita responsabilidade, né? Só quem é atleta, só quem tá vivendo aquilo ali sabe o quão é forte; é o quanto é forte aquilo ali. Quanto mais crescimento do esporte feminino, mais tem todo o meu apoio.