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Como funciona a doação de órgãos no Brasil?

Agora existe um documento eletrônico que permite as pessoas oficializarem a vontade de ser doador de órgãos, sabia?

Por Juliana Morales 14 abr 2024, 15h00
V

ocê deve ter escutado mais sobre doação de órgãos após o caso do Faustão. O apresentador, que passou recentemente por um transplante de rim, já havia recebido um o coração de um doador no ano passado. A visibilidade do Fausto Silva, um ícone da TV brasileira, foi muito importante para a conscientização sobre o tema, mas precisamos continuar esse debate, viu, galera?

O Brasil é o segundo maior transplantador de órgãos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Sim, o país é uma referência mundial em doação e transplantes de órgãos. O Sistema Único de Saúde (SUS) é o responsável por financiar e fazer mais de 88% de todos os transplantes de órgãos do país.

Ainda assim, atualmente, são mais de 42 mil pessoas que aguardam na fila por um transplante de órgãos no Brasil – sendo que 500 delas são crianças. Somente no ano passado, três mil pessoas faleceram pela falta de doação de um órgão. A maioria das pessoas na fila única nacional de transplantes aguarda a doação de um rim, seguido por fígado, coração, pulmão e pâncreas.

A lista para transplantes, gerenciada pelo Ministério da Saúde, é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada. A ordem de pacientes a serem transplantados é baseada em critérios técnicos, como a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão.

Quem autoriza a doação de órgãos?

No Brasil, a retirada de órgãos só pode ser realizada com a autorização familiar – mesmo que a pessoa tenha dito em vida que gostaria de ser doador. Como explica texto do Ministério da Saúde, o processo para autorizar a doação de órgãos funciona da seguinte forma:

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  • Depois da confirmação da morte encefálica, a família é entrevistada por uma equipe de profissionais de saúde, para informar sobre o processo de doação e transplantes e solicitar o consentimento para a doação;
  • Após a manifestação do desejo da família em doar os órgãos do parente, a equipe de saúde realiza outra parte da entrevista, que contempla a investigação do histórico clínico do possível doador. A ideia é investigar se os hábitos do doador possam levar ao desenvolvimento de possíveis doenças ou infecções que possam ser transmitidas ao receptor.

Novidade sobre a doação de órgão no Brasil

No começo deste mês, os cartórios de todo o país lançaram um documento eletrônico que permite a oficialização da vontade dos cidadãos que querem ser doadores de órgãos. O processo para retirar a autorização é totalmente online e a emissão é gratuita.

  • Para solicitar a autorização, é preciso acessar acessar o site da AEDO  e preencher um formulário eletrônico. As informações serão enviadas ao cartório selecionado no momento do acesso;
  • O cartório agendará uma data para a realização de uma videoconferência, na qual o cidadão será identificado e deverá assinar o documento eletronicamente;
  • Após a tramitação do pedido, o documento ficará armazenado no Sistema Nacional de Transplantes e poderá ser acessado no momento do óbito do doador.

No documento eletrônico, a pessoa pode autorizar a doação dos seguintes órgãos: coração, pulmão, rins, intestino, fígado, pâncreas, medula, pele e músculo esquelético.

Vale lembrar que, segundo a regra atual, em caso de morte encefálica, a família precisa autorizar a doação – e isso continua valendo. Mas agora, com a regulamentação do Sistema AEDO, a manifestação de vontade já fica registrada nessa base de dados para ser apresentada aos familiares no momento do óbito, e facilitar o processo.

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