Em 2011, a lei nº 12.519, instituiu o dia 20 de novembro como Dia da Consciência Negra. A data marca a luta dos povos negros no Brasil, o último país da América a abolir a escravidão, em 1822, e que, ainda hoje, têm um dos índices mais preocupantes no mundo de mortalidade da juventude negra.
Ela é um momento para reafirmar problemas ainda existentes, pressionar por soluções e, ao mesmo tempo, celebrar a cultura negra – tão negligenciada e invisibilizada até as apostilas escolares.
Afinal, você consegue lembrar quando aprendeu quem é Zumbi dos Palmares, Dandara e sobre do poder dos Orixás? Ou quando teve que responder perguntas sobre estas figuras em provas de História na escola? Pois é. Consegue lembrar?
“Mas por que a escolha do dia 20?”, muitos questionam. Há duas justificativas para essa pergunta. Vamos à elas:
- Primeiro, porque foi quando Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, foi morto em 1695. A data foi descoberta por historiadores nos anos 70, com base em documentos encontrados em pesquisa.
- Foi nessa mesma época, que o Movimento Negro Unificado, importante movimento social na luta contra a desigualdade racial, elegeu a figura de Zumbi como símbolo de resistência.
- Outra razão é que esta data serviria como uma oposição à data de 13 de maio, marcada como o Dia da Abolição da Escravatura. Mas a Lei Áurea representou uma “falsa liberdade” para os escravizados. Não houve nenhum plano de governo para que eles conseguissem ser reinseridos na sociedade com igualdade, dignidade e respeito; consequências que vemos até hoje.
Falando em consequências, de acordo com o Atlas da Violência 2021, a intensa concentração de um viés racial entre as mortes violentas ocorridas no Brasil não traz uma novidade ou um fenômeno desconhecido.
Os dados mais recentes mostram que a chance de uma pessoa negra ser assassinada é 2,6 vezes superior àquela de uma pessoa não negra. “Em outras palavras, no último ano, a taxa de violência letal contra pessoas negras foi 162% maior que entre não negras”, informa o documento.
Mas e a juventude, CAPRICHO? Pois é, podemos afirmar que o genocídio da juventude negra é um dos reflexos do racismo e da desigualdade, processos estruturais de consolidação do nosso país.
Chance de uma pessoa negra ser assassinada é 2,6 vezes superior àquela de uma pessoa não negra
Atlas da Violência 2021
Em sua segunda edição, o estudo Custos da violência armada no sistema público de saúde, o Instituto Sou da Paz mostra que o Brasil gastou 41 milhões do orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) com internações hospitalares de vítimas de armas de fogo em 2022.
E isso é muito dinheiro, né? Mas existem mais nuances dentro desse dado: ao todo, foram 17,1 mil internações, que não retratam todos os gastos, uma vez que não existem informações desagregadas que permitam identificar e estimar os custos de outros tipos de assistência a essas vítimas. Homens, negros jovens são maioria entre os vitimados.
Mesmo sendo 54% da população, segundo o IBGE, essa população segue sendo empurrada para as margens das políticas públicas, com acesso dificultado à educação, saúde, assistência social e emprego.
Pouca coisa sabe-se sobre a figura. De fato, historiadores conseguem afirmar que Zumbi foi o líder do Quilombo dos Palmares, localizado entre Alagoas e Pernambuco, conhecido por ser o maior quilombo brasileiro que existiu durante o período colonial, chegando a abrigar cerca de 20 mil habitantes.
Zumbi teria chefiado Palmares entre 1678 e 1695, quando foi morto pelos portugueses, liderados então pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, após uma das maiores e mais importantes resistências quilombolas do Brasil.
A profunda desigualdade social estrutura os elementos que ajudam a dar continuidade ao processo de genocídio e não ajuda no entendimento coletivo da população de que o racismo é crime e precisa ser combatido desde o primeiro momento: nas escolas.
Além disso, uma política responsável de controle de armas é fundamental também para enfrentar a situação de violência que acomete a sociedade brasileira e, especialmente, as pessoas negras.
Que tal conversar sobre isso com seus amigos? Já é um bom jeito de começar a mudança.