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Espanha, Irlanda e Noruega passam recado ao reconhecer Estado Palestino

Apoio busca incentivar outros países ocidentais a fazerem o mesmo para impulsionar negociações políticas e, enfim, alcançar o fim da guerra.

Por Mavi Faria 22 Maio 2024, 16h05
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spanha, a Irlanda e a Noruega anunciaram que irão reconhecer o Estado Palestino na próxima terça-feira, 28, e esperam que outros países ocidentais sigam o exemplo. Este é um movimento super importante em meio à guerra entre Israel e Hamas e passa um recado diplomático à situação de ambos os lados: é preciso olhar para a questão com viés mais humanitário e menos bélico.

Ao menos 140 membros da Assembleia Geral da ONU, incluindo o Brasil, já reconhecem a Palestina como um Estado. Dos 193 membros, inclusive, 143 deles votaram a favor de incluir a Palestina à ONU, o que só pode ser feito a um Estado.

O intuito destes três países ao declararem o reconhecimento do Estado Palestino é o de impulsionar uma movimentação política que possa levar ao fim da guerra, além de estimular mais movimentações por parte da ONU, por exemplo.

Os primeiros-ministros dos três países reforçaram a ideia de que “não haverá paz no Oriente Médio sem uma solução de dois Estados”, como afirma o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store.

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“Não pode haver uma solução de dois Estados sem um Estado Palestino”, pontua. Já Pedro Sanchez, primeiro-ministro da Espanha, lembrou que o reconhecimento ao Estado Palestino “não é contra Israel, não é contra os judeus.  Não é a favor do Hamas, como foi dito. Este reconhecimento não é contra ninguém, é a favor da paz e da coexistência”, explica em comunicado levantado pela Carta Capital.

Contudo, Israel não parece ter lidado desta forma, tanto que, desde o anúncio, o país anunciou a retirada de seus embaixadores destes três países. Outro posicionamento contrário ao da Irlanda, Espanha e Noruega é o dos Estados Unidos. A Casa Branca rejeitou o reconhecimento ao Estado Palestino sob a justificativa de a criação de dois Estados deve ser feita somente perante acordos diplomáticos entre eles.

Desde a formulação da ONU, em 1948, de que haveria um Estado Palestino vizinho de Israel, os EUA e outros países Ocidentais defendem que a criação deste Estado deve ser feita somente com um acordo entre os dois países.

Contudo, Israel não reconhece o Estado Palestino desde a formulação da ONU e o atual governo de Benjamin Netanyahu é contra a criação do Estado Palestino tanto na Cisjordânia quanto em Gaza uma vez que seria, para ele, seria uma ameaça à Israel.

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Por que o apoio desses países é importante?

O apoio destes países ao Estado independente da Palestina é histórico porque, até então, apenas outros nove países europeus reconheciam e apoiavam o Estado Palestino, sendo a maioria deles, quando ainda faziam parte do bloco soviético, na década de 1980. Por isso, o reconhecimento da Espanha, Irlanda e Noruega é importante para incentivar outros países a fazerem o mesmo.

O reconhecimento do Estado Palestino, além disso, é a única forma de acabar com a guerra, é o que explica Darlan Montenegro, cientista político e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, nesta outra matéria da CAPRICHO.

“Enquanto os palestinos não tiverem seu Estado, eles resistirão, exceto caso sejam expulsos ou mortos. Mas Israel só aceitará um Estado palestino mediante fortíssima pressão estrangeira. Especialmente dos EUA. Sem isso, não há solução possível, porque os palestinos não têm condições concretas de forçar Israel a isso. Os palestinos precisam lembrar o mundo que existem. E a opinião pública nos países mais poderosos precisa forçar seus governos a pressionar Israel. É a única solução viável“, pontua o cientista político.

Ah, e se ainda ficou com alguma dúvida ou quer entender melhor a história do conflito Israel x Palestina, corre aqui.

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