Prestes a completar 18 anos, o currículo de Lara Dantas no futebol feminino é de gente grande. Ela, que começou a jogar aos 5 anos na quadra do prédio em que morava com os pais e o irmão no Rio de Janeiro, acumula passagens por grandes times, como Fluminense, Corinthians, e até convocações pela seleção brasileira de futebol, tá bom pra vocês?
Em outras palavras, Dantas é uma promessa no futebol feminino. Sempre elogiada por sua tática e visão de jogo, ela é o rosto de uma nova geração de meninas que sonham em jogar com a bola no meu pé, e que também defendem causas e bandeiras sociais, como a equiparidade salarial e de investimentos no esporte entre mulheres e homens.
Atualmente, ela mora nos Estados Unidos, onde está prestes a concluir, ao final do ano, seu senior year (equivalente ao nosso terceiro colegial) pela IMG Academy, onde ela também estuda e treina. A escolha de Dantas não foi aleatória, ela decidiu se mudar para a Flórida, onde fica a IMG, para conseguir evoluir como jogadora profissional e, também, porque não via tantas oportunidades para se desenvolver aqui no Brasil.
“Até hoje me impressiona muito a estrutura que tenho nos EUA. São dezenas de campos, academia e toda uma estrutura. Pra terem uma ideia, tem uma fábrica da Gatorade dentro do campus”, conta Dantas. No site da IMG Academy, a instituição diz que tem 17 modalidades esportivas, entre femininas e masculinas.
Antes de ir para os EUA, Dantas jogou em times brasileiros e viu de frente a diferença de estrutura e investimentos que os times brasileiros tem em relação com os americanos e os europeus – Não à toa, a final da Copa Feminina deste ano foi entre Espanha e Inglaterra, dois times que investiram pesado na base do futebol feminino e, por isso, conseguem colher seus frutos.
Nós, da CAPRICHO, batemos um papo super legal e extenso com Dantas, que contou pra gente que tem entre suas referências Vini Jr, o amor pela música da dupla Ana Vitória e também pela camisa brasileira. “Quero fazer minha carreira fora do país, mas sou completamente apaixonada pelo Brasil”, disse.
Dentre todas as suas companheiras de campo, Dantas é a única que recebe apoio de marcas – ela é patrocinada pela Nike. E, pra ela, isso é algo que faz muita diferença dentro e fora de campo.
Ela, inclusive, contou pra gente que já recebeu algumas propostas de alguns times. Pra onde será que ela vai? 👀
A trajetória de Lara no futebol
Depois de jogar futebol com o irmão no prédio onde morava no Rio de Janeiro, foi questão de tempo para que os pais de Dantas a colocassem em uma escolinha de futebol. Foi jogar futsal no Alfa Barra Club, depois no Barça Academy e no PSG Academy. ”Lembro que a primeira coisa que me pediram no teste foi fazer embaixadinhas. E logo depois me falaram: vou deixar você terminar o teste, mas você já passou”’, conta.
Foi então que Dantas passou a jogar futebol com os meninos do PSG Academy. Logo, ela também começou a fazer viagens internacionais junto com o time, que ainda não possuía uma categoria feminina.
Aos 13 anos, ficou sabendo de uma peneira no Fluminense – a primeira feminina no clube. Foi no Fluminense que Dantas fez seu nome. Com a equipe, ela foi campeã brasileira da categoria Sub-18, em 2021. Pouco depois, outros clubes repararam no talento de Dantas e, com a falta de profissionalização do Fluminense, muitas jogadoras boas deixaram o clube.
Em 2019, Dantas foi convocada pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Foi campeã sul-americana em 2022 e jogou a a Copa do Mundo Feminina Sub 17, em 2022, quando marcou dois gols após entrar no segundo tempo da partida.
O cenário após a eliminação brasileira da Copa Feminina
Após a eliminação da seleção brasileira de futebol na Copa Feminina ainda na primeira fase da competição, muito se especulou se esse seria o fim do ciclo de investimentos que marcas e governo haviam dado para a modalidade. Na época, nos noticiamos, por exemplo, como Fernanda Gentil saiu em defesa das jogadoras e disse, inclusive, que se estrutura e investimentos fossem sinônimos “direto de sucesso, a gente teria hoje no masculino 22 títulos”.
Para Lara, essa é uma fase que toda jogadora, no Brasil, passa. “É claro que a gente esperava mais da seleção. Mas em vez da gente cobrar do porque elas não fizeram mais mesmo tendo avião fretado e traje completo, precisamos nos perguntar o que a gente deixou de fazer para que isso tenha acontecido, né?”, questionou a jogadora.
“Agora, é a hora pra olhar pra técnica e pro nosso psicológico. E entender o que podíamos ter feito diferente”, reflete Dantas.