os nove anos de idade, Rebeca Sousa já debatia política com seu pai. Desde cedo, ela foi incentivada pela família a se interessar, conversar e refletir sobre o assunto. Hoje, com 20 anos, ela estuda Ciências Sociais na Universidade Federal de Sergipe (UFS), prepara uma candidatura para vereança em Aracaju, sua cidade natal, e vê nos parlamentos do país uma oportunidade de mudar o mundo.
Para ela, a temática nunca foi algo chato – pelo contrário, sempre lhe despertou um senso de curiosidade. “A política, pra mim, é uma inquietação muito forte. É caótica, mas também é o melhor lugar de transformação que conseguimos ter, porque é palatável, que consegue fazer as coisas acontecerem”, defende Rebeca, que, mesmo com o vislumbre, reconhece as limitações do ambiente devido às classes dominantes dessas esferas institucionais.
A política, pra mim, é uma inquietação muito forte. É caótica, mas também é o melhor lugar de transformação que conseguimos ter.
Ao olhar para Erika Hilton (outra estrela de nossa capa de Março), ela diz pensar: “é isso que eu quero pra minha vida, eu quero ser essa deputada”. A parlamentar é sua inspiração, assim como Mariele Franco, Marina Silva e Beatriz Nascimento. Mas a referência mesmo é centrada em sua família. “Meus pais sempre falaram muito, desde quando eu era criança, que independente de onde eu estivesse, eu podia sonhar, eu podia conquistar as coisas”.
Esse ímpeto também fez a jovem, aos 17 anos, decidir que “queria mudar e fazer as coisas acontecerem”. Foi então que Rebeca conheceu o Girl Up Brasil, movimento global que treina, inspira e conecta meninas para que sejam líderes e ativistas pela igualdade de gênero.
Junto de uma amiga, ela criou o Girl Up Malfatti e, mais tarde, tornou-se líder regional. “Eu não conseguia mais ficar sentada, só debatendo, só olhando as coisas. Eu precisava fazer essa mudança”, conta, ao lembrar que a motivação também partiu de suas experiências como estudante da rede privada da capital sergipana.
O Girl Up Malfatti, o primeiro núcleo do movimento em Sergipe, teve entre suas principais ações o “Livre para Menstruar”, uma campanha de dignidade menstrual que resultou na distribuição gratuita de absorventes e articulações com deputadas, vereadoras e sociedade civil.
O tema da campanha faz parte do que Rebeca defende: igualdade de gênero e políticas públicas eficazes para mulheres e meninas. Outras de suas bandeiras são a educação – algo “básico, necessário e indiscutível” -, e a mobilidade urbana. A ativista afirma que “não tem como falarmos de educação e saúde, por exemplo, sem falar do acesso ao transporte público”.
Todas essas pautas fazem parte de um grande guarda chuva chamado “juventude”. O objetivo, diz ela, é conectar os jovens e suas demandas a cada uma dessas políticas públicas. Contudo, Rebeca ressalta que se engajar com o assunto não tem idade. “A política é feita de gerações. Vai desde a geração mais nova até a pessoa mais velha do Brasil: todo mundo vai ser impactado.”
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