O presidente Lula (PT) discursou na sessão de líderes da conferência da ONU sobre o clima (COP-28) nesta sexta-feira (1) e aproveitou o momento para cobrar ações das principais nações presentes quanto à dependência de combustíveis fósseis. Apesar disso, nos bastidores, o ministro de Minas e Energia disse que o Brasil vai entrar na Opep+, um cartel com os principais produtores de petróleo no mundo.
Todo esse movimento, é claro, foi bastante criticado por ambientalistas.
“É hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. Temos de fazê-lo de forma urgente e justa”, disse Lula, no discurso da COP 28, em Dubai. “Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?”, questionou o presidente brasileiro.
Mas CAPRICHO, qual o problema disso tudo?
Calma, a gente te explica!
Primeiro, é preciso entender que, apesar dessa sinalização superimportante do presidente em cobrar por ações para uma descarbonização da economia, um dia antes, na quinta-feira (3) o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participou de uma videoconferência da Opep+ na qual disse que o Brasil tem interesse em participar do grupo no mês que vem. Inclusive, a própria Opep+ confirmou, por nota, o interesse brasileiro em participar do grupo.
Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, disse à Folha de S.Paulo que é uma “contradição” a vontade do Brasil de ser um líder sustentável ao mesmo tempo que tenta se aproximar de produtores de petróleo.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) é um grupo expandido da Opep, que regula a produção de petróleo no mundo. São eles que decidem cortar a produção, o preço dessa commodity, que é superimportante no nosso dia a dia, acaba subindo.
Atualmente, o Brasil é o nono maior produtor de petróleo do mundo e o primeiro da América Latina.
“O Brasil se tornar membro da Opep+ seria um tanto anacrônico nesta década ou nas anteriores. Agora confirmar essa intenção de se tornar membro durante uma COP, que tem combustíveis fósseis no centro das negociações, é no mínimo inoportuno”, disse Unterstell.
Esta não é a primeira vez que o Brasil recebe um convite para participar da Opep+. Durante o governo de Jair Bolsonaro, em 2019, isso já havia acontecido.
Você pode ver e ouvir o discurso do presidente Lula durante a COP-28 aqui:
No discurso, Lula também disse que o mundo gasta muito em armas, e que a quantia poderia ser usada no combate à fome e às mudanças climáticas. “Quantas toneladas de carbono são emitidas pelos mísseis que cruzam o céu e desabam sobre civis inocentes, sobretudo crianças e mulheres”, disse.
“O planeta já não espera para cobrar a próxima geração. O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos, de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas, de discursos vazios. Precisamos de atitudes e práticas concretas. Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?”, emendou o presidente.
E a tal mudanças climáticas?
Pois é, a gente, aqui na CAPRICHO, tem falado bastante dessas mudanças climáticas, né? Só neste ano, a gente te explicou como a Terra entrou na era da ‘ebulição’, e, por isso, a gente tem reparado cada vez mais como o clima anda brusco, com dias bem quentes, e, em outros, com bastante chuva. Pois é, e, infelizmente, a perspectiva é que tudo isso siga acontecendo.
Em outubro, nós te explicamos em 6 pontos como o Rio Negro, em Manaus, atingiu a pior seca em 121 anos de história do Estado – e como isso tem um impacto direto no nosso futuro.
Não à toa, muitos especialistas apontam para a necessidade de ações concretas para diminuir os danos do meio ambiente. No início do ano, a gente mostrou, inclusive, como os desastres climáticos acabam, infelizmente, afetando pessoas pretas e pobres, que vivem em regiões de risco ou de encostas de morro. Você pode ler tudo sobre isso aqui.