- Sinais. Sinais everywhere.
Seis toneladas de peixes mortos foram retiradas das margens do Canal de Marapendi, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Cerca de 20 garis foram acionados para fazer a limpeza, supervisionada pela Comlurb. Ela começou na última sexta-feira (13) e só terminou na tarde deste domingo (15).
Um caminhão compactador foi necessário para que todos os peixes conseguissem ser retirados do local. O mau cheiro na região era forte e estava atrapalhando os moradores.
O fenômeno não tem nada de natural ou fora de comum. A morte tem relação com a baixa quantidade de oxigênio na água, ligada à decomposição da matéria orgânica – ou, se preferir, de esgoto.
Cada vez mais encostas de rios estão sendo urbanizadas, na maioria das vezes de maneira não ecológica. Como toda a rede de esgoto acaba desembocando uma hora em mares e rios, a natureza é quem paga a conta – mas ela cobra depois.
Especialistas também explicam que as fortes chuvas podem ter sido a cerejinha do bolo, uma vez que as enxurradas devem ter levado ainda mais lixo para o Canal do Marapendi.
Por mais que o Verão esteja um tanto quanto atípico, as altas temperaturas também contribuem para essa diminuição no nível do oxigênio da água, devido à aceleração do processo de decomposição do esgoto a céu aberto. Sem oxigênio, os peixes acabam morrendo asfixiados durante o processo de desova – o que acaba impactando diretamente na reprodução de espécies.
Se um dia morar perto de lagoas era sinônimo de luxo e riqueza, hoje nem tanto. “Essa grande quantidade de matéria orgânica vai matando os rios, que viram verdadeiros valões de esgoto. As lagoas se transformam numa fossa, é o que acontece na Barra”, explicou David Zee, professor de Oceanografia da UERJ, para o EXTRA.
É importante ressaltar que esse fenômeno ligado à morte de peixes e ao saniamento básico vem sendo cada ano mais intenso, muito por causa da ação humana, que impacta diretamente nas mudanças climáticas, que promove um desequilíbrio generalizado do planeta Terra.
No Instagram, ao pesquisar “Lagoa de Marapendi”, você só encontra imagens felizes do local: pessoas praticando esportes aquáticos e posando em frente às águas. A tragédia ambiental ocorreu no Canal de Marapendi, que é artificial e liga a Lagoa de Marapendi à Lagoa da Tijuca, mas é um sinal de que as águas da região não estão mais tão saudáveis quanto um dia já foram.
Apesar da Comlurb ter supervisionado a limpeza, uma vez que os resíduos haviam chegado à costa, a gestão ambiental das lagoas da Barra e de Jacarepaguá é feita pelo Inea.
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