Na última semana, MC Guimê e Cara de Sapato foram eliminados do BBB23 por importunação sexual. Ambos assediaram a participante mexicana Dania Mendez e, após muita pressão popular, a produção do reality achou por bem expulsar os participantes.
“Nós não gostamos do que vimos. Sapato e Guimê passaram do ponto. É preciso tomar cuidado com os limites, aqui e fora daqui“, disse Tadeu Schmidt antes de anunciar a decisão do programa.
A repercussão foi grande. De um lado, os que acharam a atitude exagerada. De outro, os que concordaram com a escolha feita. Afinal, como já explicamos várias e várias vezes aqui na CAPRICHO, o assédio nunca é justificável: “Agarrar, passar a mão ou segurar alguém é uma forma de controle e de abuso”.
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A cultura do estupro nada mais é do que aquela ideia de que a mulher é sempre a culpada pelo assédio, seja pelas roupas que veste, pelo lugar que frequenta, pelas atitudes que toma. Essa ideia machista, que, geralmente, é passada de pai para filho, está enraizada em nossa cabeça. É por isso que, às vezes, a incentivamos sem nem perceber, tomando algumas das atitudes abaixo:
1. Coibindo com o assédio
O assédio nas ruas acontece por meio das conhecidas cantadas. Algumas garotas não ligam, mas outras se sentem intimidadas e com medo. Esse tipo de assédio pressupõe que o corpo da mulher é público, o que está completamente errado. O assédio virtual, por outro lado, consiste em receber/enviar elogios agressivos e inconvenientes, nudes não solicitadas, ameaças online. Parece algo pequeno e menos invasivo, pois tem o computador no meio como intermediador, mas não é.
2. Culpando e reculpabilizando a vítima
Pesquisar como era a vida da menina antes do estupro para tentar encontrar alguma justificativa para o crime não só é errado, como injusto. Pesquisar a vida dos caras ninguém quer, né? O passado de uma mulher não importa, porque ela deve ser livre e viver como bem entender. Assim como não importa a roupa que ela estava usando, o que ela estava fazendo, com quem estava socializando. Julgar o comportamento da vítima, deslegitimar seu relato e culpá-la pela violência que sofreu tira o estuprador do foco – e incentiva a cultura do estupro.
3. Reproduzindo conteúdos machistas
É muito comum escutarmos comentários maldosos sobre a vítima após crimes de estupro, como “ela gostou” ou “teve sorte, porque é feia e ninguém iria querê-la mesmo”. Além de ser uma falta de senso enorme, essa fala acaba minimizando e relativizando o crime de assédio. Estupro nunca é engraçado ou motivo de piada. Reproduzir “piadinhas”, músicas e qualquer outro conteúdo de cunho machista e/ou criminoso também é colaborar com a cultura do estupro.
4. Encorajando crianças a terem atitudes machistas
É importante ensinar o que é consentimento para crianças. Isso faz com que elas entendam o que o que é limite – tanto o delas quanto o do próximo. É muito comum ouvir que fulaninho se estressou com a coleguinha porque ela negou um beijo dele. Daí o fulano pega várias para “superar”, chega em casa e ainda escuta um “parabéns, filhão!” o pai. Ou seja, fulaninho vai se sentir sempre encorajado a, no mínimo, se estressar com garotas que dizem não a ele. Errado.
5. Achando que o corpo da mulher é público
Você está na balada, um garoto dá em cima de você e, mesmo não tendo nem um pingo de obrigação de se desculpar pelo fora que está prestes a dar, você diz: “Desculpa, mas tô de boa”. Você se desculpa por deixar de fazer algo que não tinha a mínima obrigação. Uma mulher pode estar sozinha, mas não quer dizer que esteja disponível. Não é não. Vale alertar que, desde 2009, a Lei 12.015 foi alterada. De acordo com ela, agora, estupro não é só sexo sem consentimento. Beijar uma menina à força é uma versão do mesmo tipo de violência. Se liga!