Você dever ter visto a famosa sigla “PCC” em sites de notícias nas últimas semanas. O nome de uma das maiores facções atuantes no Brasil – o Primeiro Comando da Capital (por isso PCC) – ganhou destaque no noticiário, dessa vez porque uma operação da Polícia Federal revelou um plano do grupo de atacar autoridades públicas, entre elas, Sergio Moro, senador da União Brasil-PR e ex-juiz da Lava Jato.
Segundo a investigação, o PCC planejava o sequestro do senador, mas o plano não aconteceu porque um ex-integrante da facção contou a autoridades. O crime seria uma vingança por Moro ter isolado líderes da facção dentro de prisões pelo país quando foi Ministro de Justiça durante o governo de Jair Bolsonaro. A apuração do caso continua sob a responsabilidade da Justiça Federal do Paraná.
Você não sabe quem é essa facção que ameaçou Moro? A gente te explica!
O Primeiro Comando da Capital (PCC) surgiu em São Paulo e hoje é a maior facção criminosa do Brasil e da América do Sul. Trata-se de uma organização financiada por crimes como roubos de cargas, assaltos a bancos, sequestros, mas, principalmente pelo tráfico de drogas.
Você, leitora da CAPRICHO, provavelmente era muito jovem em 2006, quando o PCC organizou uma onda de atentados contra forças de segurança, que se espalhou em São Paulo e outros estados do país. Os “Crimes de Maio”, como ficaram os ataques, causaram 564 mortes e repercutiram na imprensa internacional.
Tudo começou na véspera do final de semana do Dia das Mães daquele ano em São Paulo. Autoridades de segurança tiveram acesso a escutas telefônicas dos presídios paulistas que revelaram que facções criminosas planejavam rebeliões para o Dia das Mães.
A Secretaria de Administração Penitenciária, então, decidiu transferir 765 presos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau, unidade de segurança máxima no interior paulista. Entre eles, estava Marco Willians Herbas Camacho, mais conhecido como “Marcola” – que é considerado o líder do PCC. E assim começou uma série de rebeliões.
Esse episódio, certamente, deu mais visibilidade à facção, mas ela nasceu bem antes que isso, em 1993. Vamos te contar essa história!
“O crime fortalece o crime”: como o PCC surgiu
O que hoje é a maior facção começou, em 1993, com um grupo pequeno de presos que foram transferidos para um presídio em Taubaté, onde as condições eram muito precárias. Eles criaram então um time para jogar partidas de futebol: o Comando da Capital.
No dia 2 de outubro de 1992, uma rebelião no pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, tornou-se um dos episódios mais sangrentos do sistema carcerário.
Com o medo que alguma rebelião ali motivasse um massacre, como havia acontecido no ano anterior no Carandiru, o grupo começou a se unir – além do esporte – para lutar por melhores condições dentro das cadeias. Como explica Bruno Paes Manso e Camila Nunes Dias, no livro A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil, a máxima que passou a guiá-los foi: “o crime fortalece o crime”.
“Com o PCC, o crime passaria a se organizar em torno de uma ideologia: os os ganhos da organização beneficiariam os criminosos em geral. De acordo com essa nova filosofia, em vez de se autodestruírem, os criminosos deveriam encontrar formas de se organizar para sobreviver ao sistema e aumentar o lucro”, escreveram na obra.
Quer saber mais sobre o tema? Temos uma dica!
Em quatro episódios, a série documental da HBO, PCC – Poder Secreto, conta toda a história da facção, com depoimentos de quem participou ou acompanhou bem de perto a história.