Quase 40% das meninas da ‘Geração Z’ não se enxergam na política
Pesquisa da Girl UP e Unicef aponta que meninas entre 16 e 22 anos acreditam que entrar na política é mais difícil para elas do que para eles.
eninas e mulheres brasileiras se consolidam cada vez mais como a maioria do eleitorado brasileiro. Lá em 2022, quando votamos para presidente, elas representavam 82.373.164 eleitoras, o que equivale a 52,65% do total – isso mesmo, mais do que a metade de todos os aptos a votar no país. Entre os homens são 74.044.065, eleitores, um total de 47,33%.
Ok, CAPRICHO, mas porque tantos dados e números assim? Bem, eles são importantes para a gente te contar que, apesar de as meninas e mulheres serem a maioria do eleitorado, elas são sub-representadas na política institucional e seu caminho até ela é duplamente difícil. E essa é a própria percepção delas, viu?
Enquete inédita realizada pela Girl Up Brasil, organização que treina e conecta meninas com o universo da política institucional e promove a justiça social, e o Unicef, aponta que, para 51% das meninas entre 18 e 22 anos, ser uma garota implica em ter uma trajetória mais difícil no mundo da política.
Realizada por meio do U-Report, uma ferramenta global que usa as redes sociais para promover a participação cidadã de adolescentes e jovens, a pesquisa aponta reflexões importantes sobre a inclusão (ou a falta de) de mais meninas na política.
No total, responderam à enquete cerca de 682 jovens entre 16 e 22 anos, que pertencem à chamada “Geração Z”, os nascidos entre 1995 e 2010.
A pesquisa teve como objetivo analisar como estes jovens estão vivenciando a política, o quanto percebem que ela faz parte de suas vidas e o quão atraídos se sentem para fazer parte dela. E os resultados não foram tão promissores assim.
Quando se trata de representatividade, são os meninos que se sentem mais conectados com ela: apenas 32% das meninas identificam pessoas parecidas com elas na política institucional ou concorrendo às eleições, contra 43% dos meninos.
Análises como estas nos mostram o quanto estamos ainda distantes de uma política verdadeiramente inclusiva para mulheres e, principalmente, para meninas.
Daniela Costa, gerente de Advocacy da Girl UP Brasil
Cerca de 26% deles também acredita que trilhar uma carreira política não é tão difícil assim para as meninas e mulheres. Segundo a análise da Girl UP, “esta percepção destoa da realidade das meninas e mulheres na política: as mulheres jovens, entre 18 e 29 anos, ocupam apenas cinco assentos da Câmara dos Deputados”, destaca a ONG.
Levantamento de março do jornal Folha de S. Paulo mostra que, no legislativo municipal, nenhuma mulher preside as Câmaras Municipais das capitais pelo Brasil. Entre elas, a Câmara mais feminina é a de Florianópolis (SC), que tem 6 mulheres entre os 23 vereadores.
A enquete do U-Report ainda mostrou que 38% das meninas não conseguem se imaginar enquanto liderança política. No caso dos meninos, este número é de 34%.
“Análises como estas nos mostram o quanto estamos ainda distantes de uma política verdadeiramente inclusiva para mulheres e, principalmente, para meninas”, analisa Daniela Costa, gerente de advocacy da Girl Up Brasil à CAPRICHO.
Nesta toada, a rganização criou o Você Ainda Vai Votar Nelas para as eleições de 2024; um projeto que vai treinar, impulsionar e promover a candidatura de meninas neste pleito eleitoral.
As inscrições acabaram no final de fevereiro e, durante o mês de abril, a organização anunciou as 10 selecionadas de todo o Brasil para o programa. Jovens de todo o Brasil e de 18 a 25 anos serão assistidas até agosto pela organização.
E você já sabe: ter novos eleitores significa uma nova base de eleitorado, o que também quer dizer que essas pessoas podem determinar os rumos da eleição. E, em um ano tão importante, com questionamentos até sobre a legitimidade da urna eletrônica, é essencial fazermos um uso consciente do nosso poder de voto – e até das nossas redes sociais.
A CAPRICHO já te explicou porque política é importante, o que é o voto consciente e como ele pode te ajudar a escolher candidatos; e como usar as redes sociais para falar de política e o quanto seu repost pode, sim, eleger um candidato.
Bora pensar sobre tudo isso? 🤯