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O que é ser negro no Brasil, um país racista, em números

O duro e desigual abismo que ainda separa brancos e negros no "país onde pretos são estatística"

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 3 jun 2020, 21h01 - Publicado em 2 jun 2020, 19h09

Segundo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, pessoas negras, em especial jovens mulheres, continuam sendo as que mais são mortas no Brasil, especialmente em ações policiais – muitas delas, inocentes como a menina Ágatha Vitória, de 8 anos, baleada em 2019 no Complexo do Alemão, enquanto voltava para casa com sua mãe. Este é apenas um dos muitos dados que escancaram a desigualdade racial no país e o genocídio do povo negro, que representa mais da metade população: 56,1% dos brasileiros se identificam como negros, pretos ou pardos, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE. Uma maioria tratada como minoria cujos direitos são negados. 

NurPhoto/Getty Images

Dados do Estudo Desigualdade Racial por Cor ou Raça no Brasil, realizado em 2018 pelo  IBGE, apontam que o rendimento médio domiciliar per capita de pretos e pardos no Brasil era de R$ 934, enquanto o de brancos era quase o dobro, chegando a R$ 1.846. Em relação ao mercado de trabalho, a maior diferença de rendimento é entre homens brancos e mulheres negras. Elas recebem menos da metade do que os homens brancos. Além disso, menos de 30% dos cargos gerenciais são ocupados por pretos ou pardos, enquanto 68,8% são ocupados por brancos. 

Analisemos agora os indicadores relacionados ao acesso ao saneamento básico. 44% das pessoas pretas ou pardas não possuem nenhum serviço do tipo no Brasil. Com relação às pessoas brancas, esse número cai para 26,7%. A desigualdade também está presente no âmbito educacional. Estudos revelam que a taxa de conclusão do ensino médio de alunos pretos ou pardos é de 61%, enquanto a taxa da população branca atinge 76%. Em 2015, a Pesquisa Nacional da Saúde Escolar, realizado pelo IBGE, com alunos do 9º ano, mostrou também que mais estudantes pretos ou pardos são expostos a situações de violência durante o ano escolar que estudantes brancos. Eles também correm mais riscos no trajeto até o colégio. Levando em escolas públicas e privadas, calcula-se que 53,9% de estudantes negros estudam em áreas de risco em termos de violência contra 45,7% de alunos brancos.

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Acordei com essa notícia horrível. Que tristeza. Que dor. Até quando isso, meu Deus?🙏🏾😔🖤 #JoaoPedroPresente

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O mesmo levantamento aponta que, entre todos os grupos etários, a taxa de homicídios da população preta ou parda supera a da população branca. Entre jovens, o número é ainda mais discrepante. Em 2017, a taxa de homicídios por 100 mil brasileiros foi de 98 mortes de negros contra 34 de brancos. O número sobe para 185 quando se trata de homens negros jovens.

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Quando o assunto é violência doméstica, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2019, 29,8% das vítimas de feminicídio têm entre 30 e 39 anos, 70,7% têm apenas o ensino fundamental completo e 61% são negras. É importante também saber que pretos têm 62% mais chance de morrer por COVID-19 em São Paulo, por exemplo, epicentro do coronavírus no Brasil, segundo levantamento do Observatório Covid-19 e da Prefeitura de São Paulo.

Esses são alguns dos números que mostram o que é ser negro no Brasil. Se você é branco, reconheça seus privilégios e faça o básico: escute, leia, procure aprender e nunca se silencie diante do racismo.

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